quarta-feira, 26 de novembro de 2008

1978 - NOSSO SAMBA - Conjunto Nosso Samba


Lado A:
1. Pra Minha Iaiá (Luis Carlos)
2. Deixa Essa Mulher (Jorge Porém)
3. Derradeira Melodia (Delcio Carvalho-Dona Ivone Lara)
4. Soflúria (Sidney da Conceição-Baianinho)
5. Dor da Falsidade (Geraldo Babão)
6. Vida das Rosas (Dilmo-Mozart-Moacir)

Lado B:
1. Não Há Razão (Bira Quininho)
2. Vem Amor (Luis Grande-Dedé da Portela)
3. Só Deus (Jorginho-Walter Rosa)
4. A Porta do Peito (Dedé da Portela-Dida)
5. A Mesma Dor (Everaldo Cruz-Toninho Nascimento)
6. O Que Será-G.R.E.S.União da Ilha do Governador (Didi-Aroldo Melodia)

domingo, 16 de novembro de 2008

1971 - SEGUINTE...RAIZ - CANDEIA


EQC-800004/A
01 Vem E Lua (Candeia)
02 Filosofia Do Samba (Candeia)
03 Silencio Tamborim (Wilson Bombeiro-Anézio)
04 Saudade (Candeia-Arthur Poerne)
05 A Hora E A Vez Do Samba (Candeia)
06 Saudacao A Toco Preto (Candeia)

EQC-800004/B
07 Vai Pro Lado De La (Candeia-Euclenes)
08 Regresso (Candeia)
09- De Qualquer Maneira (Candeia)
10 Imaginacao (Candeia-Aldecy)
11 Minhas Madrugadas (Candeia-Paulinho da Viola)
12 Quarto Escuro (Candeia)

E aí meus irmãos aprendizes, tudo em paz com vocês?? Há tempo que não postava nada, já tinha gente cobrando e achando que nós abandonaríamos o barco, mas fiquem tranquilos que não vamos parar. A gente dá um tempinho para fazer outras correrias da vida, mas sempre dá um jeitinho de falar sobre o grande Mestre, ele merece!!
Voltamos com a corda toda, e como desculpa tá aí uma pedrada do grande Candeia, um disco antológico. Este está acima do bem e do mal, um Homem da arte. Que coração colocava em suas composições! Tanto nas letras quanto nas melodias. Para quem chegou aqui neste blog sem querer e não é do Samba, procure conhecer tudo que o Candeia gravou, não tem como não viciar. Seus Sambas transmitem paz. Ele nos revelou que o Samba quando aborda temas do coração por um ser humano bem intencionado é uma verdadeira oração que eleva o espírito. É rapaziada, o Candeia fez as rezas, e para executá-las selecionou os malandros de grande sensibilidade musical também (como não poderia deixar de ser), para poder transmitir esta paz para os mortais.
Como Candeia sabia das coisas, não poderia deixar de fora o nosso mestre Carlinhos do Cavaquinho, que participou deste Lp ("Seguinte...:raiz") em quatro faixas. São elas: "Silêncio Tamborim", "Saudade", "Regresso", e "Quarto escuro".
Cabem aqui algumas considerações técnicas sobre o cavaquinho e as cordas utilizadas pelo Carlinhos neste disco. O Cavaquinho, como já foi postado anteriormente neste blog, é o mesmo utilizado nos Lps "De onde o Samba vem", do Conjunto Nosso Samba, "Quem Samba fica", dentre alguns outros que decerto postaremos no blogue mais para frente. O som característico pode ser facilmente explicado quando sabemos que o cavaco era este da foto ao lado. Outro detalhe importantíssimo deste disco é sobre as cordas utilizadas. Segundo um parceiro que não posso revelar o nome aqui, ele não gostava de falar sobre as cordas, então respeitaremos o Mestre, mas dou aqui uma dica: neste disco a corda grave (SOl) é própria para um instrumento, já as três agudas (Ré, Lá e Mi), são de um outro instrumento. Isso não é muito difícil de captar, basta ouvir a faixa "Silêncio Tamborim". Identificamos esse timbre diferente quando ele toca nas três graves, e que desaparece quando o Mestre vai para as três agudas. Aumente o grave do seu som e ouça para comprovar, fica mais explícito ainda.
Quanto ao estilo de tocar, neste Lp podemos observar já algumas mudanças significativas. Na data de gravação deste disco ele já abandona alguns acordes comumente usados no final da década de 60, e vem com uma pegada que vai utilizar até meados da década de 70. Este ano foi, sem dúvida um período de transição em que o Mestre começou a frenquentar pouco a pouco o ambiente de estúdio. Este estilo a que nos referimos é aquele usado, por exemplo, nos discos de 1971, 1972 e 1973 da Clara Nunes. Digo transição porque ainda não tinha abandonado por completo alguns acordes e trejeitos antigos, como por exemplo no lindo Samba "Saudade", em que o Carlinhos somente sola usando como guia dentro do solo e também nos arpejos, acordes que utilizava na década de 60.
O traço marcante deste período iniciado mais ou menos no ano de 1971 até meados da década é o uso muito constante do dedinho da mão esquerda enfeitando o acorde. Na "Silêncio Tamborim" o malandro utiliza muito, principalmente no G#7 e no G7.
O Mestre gravou também o Samba Regresso para Clara Nunes. Não sabemos precisar qual gravação foi a primeira, já que ambas foram feitas no ano de 1971, mas nota-se que ele repete algumas criações dele em ambas as gravações, como por exemplo o arpejo no acorde com sétima no minuto 1´17. O que queremos demonstrar com isso é que o Carlinhos tinha tanta sensibilidade que improvisava toda vez que tocava, no entanto acabava tendo às vezes idéias parecidas, já que conseguia encontrar o ideal, o máximo para cada composição. Este mesmo exemplo podemos ver em vários Sambas que o Malandro gravou mais de uma vez, como é o caso de "macunaíma" por exemplo. "Sem querer" o Mestre acabava na mesma passagem executando algo similar, isso porque era reflexo dele ter aquela sacada de gênio, era o natural dele. Não sei se consegui transmitir a idéia, mas ela tá dada.
Chega de blá blá blá, e vamos para a aula. Sei que muita gente já tem o Disco, mas como já comentado, o intuito do blog é disponibilizar TUDO que o Mestre gravou, inclusive os mais conhecidos.
Um Abraço meus irmão, e até breve!
ESCUTE A AULA!!!

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

1974 - ESCRETE DO SAMBA - É Samba no Pé

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL: CONJUNTO NOSSO SAMBA

LADO A:
1 - a- Do jeito que o rei mandou (João Nogueira-Zé Catimba) b- Regra Três (Toquinho-Vinicius de Moraes)
2 - a-Salgueiro Chorão (Zé Di) b- Nega Tijucana (Waldir Ferreira-Omildo-Gege)
3 - a-Quando vim de Minas (Xangô da Mangueira) b- Fala Viola (Eloir Silva-Francisco Inacio)
4 - a-Quero Sim (Darcy da Mangueira-Leci Brandão) b- Tristeza Pé no Chão(Armando Fernandes Mamão)
5 - a-Boi da Cara Preta (Zuzuca) b- Porta Aberta (Luiz Ayrão) c- Teimosa (Antonio Carlos-Jocafi)

LADO B:
6 - a- Reza Forte (Zuzuca) b- Mocotó é meu (Jorge Garcia-Oswaldo Silva-Eny Silva)
7 - a- Serenou (Délcio Carvalho) b- Que Beleza (Benito de Paula)
8 - a- Hora de Chorar (Mano Décio-Jorginho Pessanha) b- Quando eu me chamar saudade (Nelson Cavaquinho-Guilherme de Brito)
9 - a- Retalhos de Cetim (Benito de Paula) b- Camisa10 (Helio Matheus-Luiz Wagner) c- Boa Noite (Aparecida)
10 - a- Anastácio/Samba enredo para um sambista morto (César Costa Filho-Walter Queiroz) b- Malandro é malandro mesmo (Ary do Cavaco-Otacilio)

É aí malandragem? Tranquilidade?
Estamos de volta! Com uma postagem um pouco mais leve, mas que tem uma aula bem legal do Carlinhos. Um disco com o cavaco bem limpo, dá para escutar bem legal e pegar toda a harmonização do Mestre. Vale a pena! E mais! o disco é por muitos considerado como de série do Conjunto Nosso Samba - assim como considera a excepcional página da "memória musical" - . Divergências a parte, preferimos afirmar que não é não um disco do Conjunto Nosso Samba, mas sim apenas o primeiro da série "Escrete do Samba", que possui 5 discos (5º volume datado de 1979). A série e o repertório são bem comerciais, e o primeiro volume foi gravado com o intuito de aproveitar a comoção pela Copa do Mundo de 1974. Os discos de série do "Nosso Samba" eram bem mais trabalhados, sobre isso não temos dúvidas, e o Carlinhos preparava os Sambas, com surpresas novas a cada faixa. Dá para ter a certeza que nesta série da Escrete do Samba, a rapaziada gravava de tiro rápido. Tenho certeza que o Carlinhos entrava e harmonizava o disco rapidinho, tudo de primeira, sem qualquer esforço extra e sem muito pensar. Rapidez não quer dizer falta de qualidade, principalmente quando o assunto é Carlinhos. As gravações estão excelentes como sempre. Para os aprendizes é uma boa oportunidade para pegar o fio da meada básico da condução ritmica e um pouco da harmonização do bom Malandro. Além disso é um disco que não se encontra disponível na rede e que não é tão fácil de se encontrar. É também sem dúvida o melhor da série Escrete do Samba, que foi se tornando cada vez mais comercial (com o tempo postaremos todos da série). Repertório a parte, podemos dizer que é um disco muito bom.
Na mesma base, está a série do conjunto "Explosão do Samba", que conhecemos até o volume 7, também com a participação do Mestre (postaremos futuramente).

terça-feira, 14 de outubro de 2008

1971 - QUEM SAMBA FICA - Adelzon Alves mete bronca e a moçada do Samba dá o recado


LADO 1:
1. Mulher Valente É Minha Mãe (João Nogueira) Intérprete: João Nogueira
2. Batuquegê Prá Rosalina (Baianinho) Intérprete: Baianinho
3. Vem Raiando o Dia (Delcio Carvalho) Intérprete: Roberto Ribeiro
4. Dora (Aniceto do Império) Intérprete: Aniceto do Império
5. Samba do Beco (Adhemar de A. Vinhaes / Jacaré) - Samba da Gafieira (Adhemar de A. Vinhaes / Jacaré) Intérprete: Haroldo Melodia
6. Caminhante Solitário (Wilmar Costa) Intérprete(s): Nadinho da Ilha

LADO 2:
1. Lapa (Waldir 59 / Ari Guarda) Intérprete: Nadinho da Ilha
8. O Homem de Um Braço Só (João Nogueira) Intérprete: João Nogueira
9. Eu Avenida e Você (Jovenil Santos / Paulo Debétio) Intérprete: Roberto Ribeiro
10. Amélia Negra (Clóvis Scarpino / Wilson Moreira) Intérprete: Edalmo da Mocidade Independente
11. Vou Brigar Com Ela (Aurinho da Ilha / Ione do Nascimento) Intérprete: Haroldo Melodia
12. Poeira do Caminho (Marinho da Muda) Intérprete: Marinho da Muda

Boa Noite rapaziada!! Chegamos com mais um disco bem raro que o Carlinhos gravou. O estilo e o timbre do cavaquinho é o mesmo da maioria de suas gravações anteriores a 1973. Particularmente, desta vez as gravações foram muito parecidas com as do disco do Candeia, em que o Mestre gravou algumas faixas no mesmo ano.
O Mestre Participa das seguintes faixas:
02 (Vem preenchendo a música, sem querer aparecer, só nas cordas graves e usando dois acordes); 03 (Sola no início e prossegue centrando); 04; 06; 07 (o violão está bem mais alto que o cavaco); 09 (o Malandro chega só no solo o Samba inteiro); 10; 11 e 12 (Gravação muito bem feita, sem palhaçadas, fazendo o necessário. Escutem essa aula e aprendam a lição!).
Sobre o Disco, apresenta intérpretes de respeito, vale a pena! É a primeira gravação de alguns malandros como intérpretes (Roberto Ribeiro, Nadinho da Ilha), a segunda do João Nogueira. E tem como destaque o Samba "Dora" do grande Mestre Aniceto, um partido de responsa, bem ao estilo por ele criado, de perguntas e respostas!
Abraços rapaziada!

ESCUTE A AULA!!!

domingo, 12 de outubro de 2008

Parabéns CARTOLA!

Embora o blogue seja específico do Carlinhos do Cavaquinho, o Samba está em festa para reverenciar Angenor de Oliveira, o CARTOLA, nascido no bairro do Catete, Rio de Janeiro, no dia 11 de Outubro de 1908. Hoje ele completa seu centenário de existência. Quando usamos o presente, é porque de fato Cartola vive, na qualidade de verdadeiro Mestre! Cartola nos ensina tantas coisas da vida nas suas lindas composições! Nos mostra, pela sua história, o que é ser um verdadeiro SAMBISTA. Aprendemos com ele a nos emocionar. Cartola também nos ensina a sermos mais humildes, pois perto dele, como aprendizes do SAMBA, nos tornamos um mero grão de areia, e podemos nos despir de qualquer vaidade. Refletir sobre o seu centenário pode ser um excelente tratamento para quem se acha um SAMBISTA. Portanto, reflitam bastante, meus irmãos aprendizes!
Nosso Mestre do Cavaco teve a honra de acompanhar Cartola, gravando o cavaquinho em três faixas do disco da Mangueira da série "História das escolas de Samba" da 'Marcus Pereira': "Vale do São Francisco" (Cartola-Carlos Cachaça); "Fiz por você o que pude"(Cartola) e Chega de demanda (Cartola).
Nestas gravações o Carlinhos estava bem à vontade, já que não tinha a responsabilidade de fazer o centro, que foi feito por um outro cavaquinista excepcional. Nos dois primeiros Sambas, o Mestre foi o Cavaquinho Solo, para dar uma lapidada no Samba. E o fez de maneira primorosa, que lindos solos! No meio dos solos podemos observar em alguns momentos algumas palhetadas, para não perder o costume. Já no Samba "Chega de Demanda" vem dando o ritmo em palhetadas pesadíssimas com o outro excelente Cavaquinista. Nesse samba os dois dão uma aula de Cavaco Centro. Escutem do segundo 21 ao 23 do "Chega de Demanda", duas sequências de cinco Palhetadas, todas de cima para baixo, com precisão, no momento e no acorde perfeitos. O Homem tinha uma percepção musical incomparável. Baixem as aulas aqui, ou então escutem diretamente abaixo. Para ouvir as três brasas clique em "Posts" que todas serão listadas. Parabéns e muito obrigado Cartola!



sexta-feira, 10 de outubro de 2008

1969 - DE ONDE O SAMBA VEM - Conjunto Nosso Samba


Lado A:
01 - Pout-Pourri:
Nhem nhem nhem (Martinho da Vila-Cabana)
Yaya do cais dourado (Martinho da Vila-Rodolfo)
Parei na sua (Martinho da Vila)
Casa de bamba (Martinho da Vila)

02 - Aquarela do Samba (Bicudo)

03 - Pout-Pourri:
No tabuleiro da Baiana (Ary Barroso)
Saudade da Bahia (Dorival Caymmi)
Lapinha (Baden Powell-Paulo César F. Pinheiro)
Gabriela cravo e canela (Sidney da Conceição-Velha-Geninho)
A baiana e o tabuleiro (Jorginho-Noca-Jorge de Oliveira)
Origem do Samba (Fidelis Dutra)
Bahia de todos os Deuses (Bala-Manoel)

04 - Pout-Pourri:
Ai que saudades da Amélia (Ataulpho Alves-Mario Lago)
Você passa eu acho graça (Carlos Imperial-Ataulpho Alves)
Laranja Madura (Ataulpho Alves)
Estou chorando sim (Mirabeau-Don Madrid-Ayrton Amorim)
Na ginga do samba (Ataulpho Alves)

05 - Viola e Violão (Carlinhos do Cavaquinho-Nô)
O Couro Come (Renato Ennes)

06 - O ultimo portador (Carlinhos do Cavaquinho-Pintado)

LADO B:
07 - Samba do trabalhador (Darcy da Mangueira)

08 - Feitiço da Vila (Noel Rosa)
Aos pés da Santa Cruz (Marino Pinto-Zé da Zilda)
Palpite Infeliz (Noel Rosa)
Sabiá de Mangueira (Frazão-Benedicto Lacerda)
P´ra Machucar meu coração (Ary Barroso)
Leva meu Samba (Ataulpho Alves)

09 - Espere Oh Nega (João Nogueira) - Com João Nogueira

10 - Cheguei (José Orlando)
Não Chore Amor (Jorginho-Erly Muniz)
Favela (Padeirinho-Jorginho)

11 - Sorria (Chocolate)

12 - Ex-Amada (Barbosa-Aluizio)

13 - Juca Seu Talão (Renato Ennes-Genaro)

Rapaziada, estava demorando para a gente postar um disco do CONJUNTO NOSSO SAMBA. E viemos com um baita disco, o primeiro Lp dos Malandros. É também, talvez, a primeira gravação feita pelo Carlinhos. Desconhecemos alguma anterior. Quem souber, por favor entre em contato que publicaremos para os aprendizes!

Era 1969, ano em que o Conjunto Nosso Samba se apresentava às segundas-feiras no teatro Opinião, e ganhava o respeito de todos do mundo do Samba. Nesta época até mais ou menos 1973, o Mestre tinha um estilo muito particular de tocar, principalmente quando gravava sem violão e com a liberdade de harmonizar o samba como quisesse. Aí ele arrebentava mesmo. Preferências a parte, gostamos muito deste estilo, e do timbre mais seco deste cavaquinho que ele usava mais ou menos até 1973. Com este cavaco e este estilo de conduzir o samba ele gravou, dentre outros, o Lps Raiz de 1971, do Mestre Candeia, em faixas antológicas como Silêncio o Tamborim, e a linda "Saudade" que ele vem só no solo. Com o mesmo instrumento e estilo, gravou também os discos "Os Partideiros", "Quem Samba Fica", "Clara Nunes 1971", "Clara, Clarice Clara" de 1972 entre os principais.
O Curioso é que nesta época o grande Malandro priorizava muito o Solo e os famosos arpejos dos acordes. Mas ele solava de maneira percussiva, um "Solo Centrado", se é que consegui me expressar corretamente. Na verdade é difícil definir, o bom mesmo é escutar e executar as malandragens ensinadas pelo Professor. Ele tinha uns macetes, algumas frases criadas, e sobre elas colocava variantes e improvizava no solo. Muitas frases eram de violão de 7 cordas uma oitava acima. O grande triunfo é que voltava centrando com uma facilidade tremenda. Mas aí era fácil, o ritmo pulsava no coração do Malandro.
E os arpejos de acordes?? Tinha uma velocidade violenta. É realmente muito difícil executar na velocidade que ele conseguia. Neste disco ele pouco arpeja (o faz mais nos discos de 71 e 72 da Clara Nunes), mas sola bastante, como exemplo o Samba "Viola e Violão" e outros. Escutem! Talvez por preferência, talvez pela falta de tempo ou principalmente pelas gravadoras, ele aos poucos foi diminuindo esse solo centrado, e após meados da década de 70 fez muito menos. No entanto aprimorou muito (mais ainda!!) a pegada da mão direita, enfim, o Homem era uma caixinha de surpresas, tinha diversos estilos, e o estilo deste Disco foi o que mais foi tocado até mais ou menos 1973. O Cavaquinho temos a certeza de que era o mesmo, pelo timbre.
Outra curiosidade é que ele ainda enchia o acorde de Sol maior, palhetando inteiro, e não somente no grave. Com o tempo ele passou a usar esse tipo de acorde cheio só em uma ou outra passagem (e bem raramente!) só para enfeitar.
Para terminar a postagem e chegar de blá blá blá, vale ressaltar que o disco tem composições do Carlinhos, muito boas, por sinal. São as faixas 5 - "Viola e Violão" que fez com o Nô - e 6 - "O último portador", que fez com o Pintado -. O que mostra a versatilidade do Malandro. Um bamba de verdade! Neste disco tem também a primeira participação do João Nogueira numa gravação, no samba "Espere Oh Nega". Aproveitem o disco. Abraços, meus irmãos aprendizes!
Ah, só uma observação, pode parecer fofoca, mas não me contive rapaziada, o Gordinho não está na foto porque não chegou a tempo no dia que foi o fotógrafo, mas ele participa do disco.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

1978 - XANGÔ DA MANGUEIRA VOL. Nº3



Lado A:
01-Dá no Nego (Roque do Plá)
02-A Cobra Sussurana (Beto sem braço-Almir)
03-Não xinxa o boi (Nilo da Bahia-Xangô da Mangueira)
04-Chico Jongueiro (Mestre Buda)
05-Louvação aos grandes e aos pequenos (Waldemiro do Candomblé-Xangô da Mangueira)
06-Perdi Minha Alegria (Vadinho-Murilo) - Participação Especial/Nilton Campolino

Lado B:
07-Mineiro Ê (Lúcio Martins-Quirino da Cuica)
08-Zé Cansado (Padeirinho)
09-Quem Fala Alto é Gogó (Xangô da Mangueira-Nilton Campolino)
10-Mulher da Melhor Qualidade (Almir-Beto Sem Braço)
11-Não adianta falar mal de mim (Xangô da Mangueira-Waldemiro do Candomblé)
12-Quilombo (Nilton Campolino-Xangô da Mangueira)

Tudo certo malandragem? Hoje vai uma das aulas mais importantes do Mestre, ele faz de tudo neste disco do Xangô da Mangueira. Quando gravava para os grandes não brincava em serviço não. Que sensibilidade meus irmãos! Ele conseguiu dar uma cara diferente para cada um dos Sambas do Lp. Entrou na alma de cada composição e conseguiu tirar o máximo que poderia ser feito (sem muita firula). Criou um mostro para cada um dos Sambas!
Para aqueles que não tem um contato mais próximo com o verdadeiro Samba, o Xangô é uma das sumidades do Samba. Nome obrigatório em qualquer lista dos maiores que já existiram, aprendeu com quem houve de melhor, entre eles Paulo da Portela, que o apresentou à rapaziada da Mangueira, Terreiro de bambas que ingressou por amor e principalmente por capacidade. Tempos em que tinha que mostrar na prática para fazer parte de um terreiro, com direito à teste de disputa de Partido Alto. Falando em Partido, Xangô se destaca principalmente por ser um partideiro daqueles que ninguém derruba, versador no duro e cantador com um timbre único e característico. Enfim, pra quem não conhece, demorou!
Para os irmãos aprendizes vale a pena algumas considerações para cada uma das faixas.
1- Não se assuste, começa mesmo com um cavaco Paraguaçu, que faz o solo no outro canal, mas o Carlinhos já vem martelando e fixando o ritmo logo em seguida. Grande dúvida para discutirmos, nós aprendizes: será o Carlinhos solando na afinação tradicional?? Na faixa 11 isso se repete ao longo do Samba. Está muito parecido com o estilo do Zé Menezes, que depois fez dupla com o Carlinhos nos consagrados discos do grande Bezerra da Silva. Acontece que dizem as boas línguas que o Zé andou dando uns toques de solo pro nosso Mestre Carlinhos. Isso dá pano pra manga! Obs: no minuto 1´10´´ ele faz aquela repicada ao contrário que inventou (aquela consagrada e tradicional dele só que invertida).
2- Ele vem com uma bossa diferente que às vezes usava em alguns sambas um pouco mais rurais. Usou a mesma idéia de condução ritmica, dentre outras na faixa 04 do Disco da Ala dos Compositores do Salgueiro-As Minas do Rei Salomão ("Reza forte" do Zuzuca), e na introdução da faixa 1 do disco Samba 73´ ("Tra-La-La, Lamartine Babo, Um Hino ao Carnaval Brasileiro"). A versatilidade do Homem era genial, nunca existirá! Mesmo com a idéia se repetindo em outras gravações anteriores, na hora de executar podem ser observadas várias diferenças nos detalhes. Como pode uma pessoa ter gravado milhares de Sambas e quase nunca repetir algo?? Tem que tocar com o coração mesmo!
3-Esse Fá Maior pesado... emociona, não é? Só ele.
4-Neste é Carlinhos no solo (muito bem ritmado), fazendo uns macetes bem tradicionais dele - por exemplo o do segundo 20 ao 23 - , e trazendo algumas novidades.
5- Nesta gravação optou por uma harmonização com mais mudanças de acordes no refrão, que ficou muito legal. Não era nada comum ele fazer isso, mas caiu como uma luva neste Samba.
6-Esse Samba ficou do c... Tudo está lindo. É de emocionar, que partido alto. Uma bela interpretação do Xangô, que dá aula de como versar junto com o Campolino, outro partideiro nato. Sobre o Carlinhos dispensa comentários. Escuta só a harmonização desse samba!! É uma das aulas mais sensacionais dele no quesito harmonia.
8- Só uns detalhes que para aqueles que não ficam de escuta minuciosa, acabam passando desapercebidos, mas prestem atenção nos acordes que ele encaixa na sequência de transição para repetir o refrão (dos segundos 21 ao 23). Outra idéia diferente de sequência que era característica dele é a transição dos segundos 31 ao 34.
9-Nesse ele apela um pouco, não fica com dó dos aprendizes. Escutem com muita atenção do segundo 15 ao 18. Era uma sequência de repicadas invertidas que ele usou em diversas gravações (a que dá pra pegar com mais facilidade é a utilizada no samba "Deixa eu te amar" gravado pelo Agepê).
12- De novo o Fá Maior violento, cheio de ginga nesta gravação. Harmonização difícil de traduzir, com mudanças de acordes antecipadas e atrasadas. Coisas do Mestre!

Chega de conversa,

ESCUTE A AULA!!!

sábado, 4 de outubro de 2008

1974 - RODA DE SAMBA - VOL. 2


LADO A:
01 Proteção (David Lima-Pinga) - Canta: Aparecida
02-Acalentava (Candeia) - Canta: Sabrina
03-Quero Alegria (Nelson Cavaquinho-Guilherme de Brito) - Canta: Nelson Cavaquinho0
4-Cantos Afros (Roque do Plá-Aloisio da Conceição FIlho) - Canta: Roque do Plá
5-Por cima da linha (Rubens da Mangueira-Coroa) - Canta: Rubens da Mangueira

LADO B:

06-Rosas pra Iansã (Josefina de Lima) - Canta: Aparecida
07-Armas Proibidas (Nelson Cavaquinho-Guilherme de Brito - Canta: José Ribeiro)- Canta: Nelson Cavaquinho
08- Morro Velho (Zuzuca) - Canta: Rubens da Mangueira
09-Liberdade (Ary Miranda Lage-Nilton de Castro Oliveira) - Canta: Sabrina
10-Chegou quem faltava chegar (Dida-Nelson) - Canta: Dida


Taí o disco prometido na publicação abaixo e que a malandragem acompanha o Nelson Cavaquinho em dois sambas. Além desses sambas, ele participa também da faixa 4 ("Cantos Afros" do ótimo Roque do Plá que interpreta sua composição) e também da faixa 09 ("Liberdade"), onde mostra mais uma vez sua versatilidade na condução das músicas, harmonizando ritmos africanos.

Sobre os sambas restantes, não é ele quem gravou o Cavaco. Deve ser do Zé Menezes pelo estilo. Destaques para o samba "Acalentava", do Mestre Candeia, e também para o samba "Rosas para Iansã", surpreendentemente gostoso de se escutar, da pouco conhecida Josefina de Lima (se alguém conhecer mais sobre ela, comente), interpretado pela Aparecida.
Agora vou curtir o meu final de Semana. Até a próxima!


Uma Passagem com o Nelson Cavaquinho

Em entrevista dada à Folha de São Paulo em 2002, Paulinho da Viola relata uma passagem envolvendo o Carlinhos e o Nelson Cavaquinho. Foi em uma apresentação no teatro Opinião, onde o Conjunto Nosso Samba acompanhava todas as segundas-feiras grandes compositores e intérpretes do Samba. Foi lá que no final da década de 60 o Conjunto foi projetado, como já citado na postagem de apresentação deste blogue. Segue o trecho em que o Paulinho fala sobre o fato:
"Alguém precisava escrever um livro sobre o Nelson. Era uma pessoa muito irreverente. Muito brincalhão. Gostava de tomar as bebidas dele, tomava bem. Era um boêmio. A gente saía muito em grupo, nessa época , Elton, Jair do Cavaquinho, o Nelson. Voltávamos dessas reuniões de ônibus, já de manhãzinha. Eles iam juntos, para o mesmo subúrbio; o [governador Carlos Lacerda tinha dado casas para o , para Jair e para o Nelson. E acontecia o seguinte -não foi uma nem duas vezes, não. A gente vinha no ônibus, até a Central. Chegava na Lapa, o Nelson saltava. E o dizia Pô, Nelson, vambora. Que nada, ia para a Lapa. Ficava assim dias. Dias. Foi o único cara que eu vi cantar samba para peixeiro, antes da feira. Eu presenciei umas histórias... Mas tenho medo de contar; porque não vai traduzir o que significa. A não ser que você desligue o gravador. [Gravador desligado]

Vocês cantavam juntos na Segunda do Samba.

A gente cantava muito no Opinião. E o Nelson era adorado. Adorado. Lembro de uma vez, ele já tinha tomado todas. Fazia um calor incrível. A galera sem camisa e chamando ele Nelson, Nelson. E ele entrou. Quando o canhão de luz acendeu, tuuum ficou estático. O conjunto (o Nosso Samba) fez a introdução e ele nem percebeu. Carlinhos do cavaquinho ficou olhando para o Nelson, esperando. E ele sacou que tinha acontecido alguma coisa. Parou e ficou olhando para o Carlinhos. E o Carlinhos, meio sem graça, olhando para ele. E o Nelson olhando para o Carlinhos, com aquele cabelo caído. Aí falou: Meu filho, não olha muito para o Nelson, não, ou... [em tom grave] você se apaixona. O Nelson. O Nelson, ele falava muito assim. Quer dizer que esse lado trágico dele convivia com o lado brincalhão. Muito, muito! Era uma figurinha. Mas tinha cada samba. Vendeu muito samba, também".
Um relato de uma época em que o Carlinhos estava pouco a pouco se tornando um Malandro considerado em todas as bocadas. Alguns anos mais tarde, ambos tiveram o privilégio de gravarem sambas juntos. A primeira vez foi em 1974, no disco "Roda de Samba nº2", em duas faixas ("Quero Alegria" e "Armas proibidas"), e a segunda foi no imprescindível Lp "4 grandes do Samba", de 1977. Além disso, o Mestre gravou inúmeros sambas compostos pelo Nelson, em diversos outros discos, na voz de variados intérpretes.
Na postagem acima estará disponibilizado o disco "Roda de Samba nº2".
Aquele abraço pros irmãos Aprendizes!

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

1974 - Samba é Isso Aí, Gente Bôa!



Lado 1:

1-Herdeiro (Antonio Grande) Intérprete - Antonio Grande
2-Fogão Jacaré (Joãozinho da Pecadora) Intérprete - Joãozinho da Pecadora
3-Xô Gafanhoto (Ivan Carlos-Luiz Grande-Rubens) Intérprete - Luiz Grande
4-Malandro é malandro mesmo (Otacilio-Ary do Cavaco) Intérprete - Bira Quininho
5-Estou de pé (Bom Bril) Intérprete - Bombril
6-Couro de Porco (Wilton Carreiro-Leo Costa) Intérprete - Leo Costa
7-Eneida Amor e Fantasia (Zuzuca) Intérprete - Bira Quininho

Lado2:

8-Malandro (Carolina Maria de Jesus) Intérprete - Léo Costa
9-Vou me Mandar (Monsueto-Telinho) Intérprete - Bira Quininho
10-Lágrima (Bira Quininho) Intérprete - Bira Quininho
11-Rapaziada (Zé Pretinho da Bahia-Antonio Moreira-Rubens) Intérprete - Bira Quininho
12-Chico Tristeza (Antonio Grande-J.Aragao) Intérprete - Antonio Grande
13-Canoeiro (Moa) Intérprete - Avam Samba
14-Menos Infeliz (Dinalva-FlavioKirk) Intérprete - Dinalva

Boa Noite parceiros de aprendizado! Demorei mas cheguei com mais uma brasa que o Mestre gravou com seu Cavaco de responsa. Durante as postagens colocaremos no blog muitos discos que, no coletivo, deixam a desejar. Não é o caso deste achado! Um disco gostoso de se escutar e que o Carlinhos vem bem à vontade.
Destaque para o samba Fogão Jacaré, partido alto com o selo de qualidade do Joãozinho da Pecadora, que, pra quem não conhece, era um compositor de primeira, partideiro nato do terreiro da Portela, ritmista da mesma qualidade e também bom solista com sua voz bem característica. Joãozinho também participou da histórica série de Partido alto Partido em 5 (e Partido em seis), com seis sambas, entre eles o clássico "Conversa Fiada".
O disco tem mais dois partidos, o "Malandro é malandro mesmo", samba diversas vezes gravado, em vários discos, e sempre com o Carlinhos no Cavaquinho. O inédito "Couro de Porco", que dá para ir longe versando.
Outro compositor presente no Lp é o Flávio Kirk, aquele mesmo do Salgueiro, que fez o samba "Reminiscências", sucesso no morro no final da década de 50 sendo incluído no disco "Samba nº2" do acadêmicos do Salgueiro (1959).

Sobre o Carlinhos, este disco contraria aqueles que comentam que ele não podia dividir o Cavaco com alguém. Em quase todas as faixas o Mestre vem dividindo o samba com outro cavaquinista Paraguaçú -Afinação tradicional ré-sol-si-ré-, exceto na "fogão Jacaré" que ele toca sozinho, e na "Lágrima", que ele não participa. Não posso afirmar, mas seria o outro Cavaquinho do Ary do Cavaco? Quem souber identificar melhor, por favor, me avisa.
O Malandro Carlinhos mostra uma sensibilidade muito grande tocando junto com o outro cavaquinista, palhetando ora mais baixo, ora um pouco mais alto. Ele entra em destaque quando necessário e nas outras circunstâncias deixa que o parceiro seja ouvido. Um exemplo muito bom é no samba "rapaziada", que ele fica a maior parte do tempo no Fá Maior e Dó com Sétima graves tocando mais baixinho, pincelando uma ou outra vez o Dó com Sétima agudo. Casou bem legal com o outro cavaco (parece até um cavaco de 5 cordas pelo alcance das oitavas).

ESCUTE A AULA!!