sexta-feira, 10 de outubro de 2008

1969 - DE ONDE O SAMBA VEM - Conjunto Nosso Samba


Lado A:
01 - Pout-Pourri:
Nhem nhem nhem (Martinho da Vila-Cabana)
Yaya do cais dourado (Martinho da Vila-Rodolfo)
Parei na sua (Martinho da Vila)
Casa de bamba (Martinho da Vila)

02 - Aquarela do Samba (Bicudo)

03 - Pout-Pourri:
No tabuleiro da Baiana (Ary Barroso)
Saudade da Bahia (Dorival Caymmi)
Lapinha (Baden Powell-Paulo César F. Pinheiro)
Gabriela cravo e canela (Sidney da Conceição-Velha-Geninho)
A baiana e o tabuleiro (Jorginho-Noca-Jorge de Oliveira)
Origem do Samba (Fidelis Dutra)
Bahia de todos os Deuses (Bala-Manoel)

04 - Pout-Pourri:
Ai que saudades da Amélia (Ataulpho Alves-Mario Lago)
Você passa eu acho graça (Carlos Imperial-Ataulpho Alves)
Laranja Madura (Ataulpho Alves)
Estou chorando sim (Mirabeau-Don Madrid-Ayrton Amorim)
Na ginga do samba (Ataulpho Alves)

05 - Viola e Violão (Carlinhos do Cavaquinho-Nô)
O Couro Come (Renato Ennes)

06 - O ultimo portador (Carlinhos do Cavaquinho-Pintado)

LADO B:
07 - Samba do trabalhador (Darcy da Mangueira)

08 - Feitiço da Vila (Noel Rosa)
Aos pés da Santa Cruz (Marino Pinto-Zé da Zilda)
Palpite Infeliz (Noel Rosa)
Sabiá de Mangueira (Frazão-Benedicto Lacerda)
P´ra Machucar meu coração (Ary Barroso)
Leva meu Samba (Ataulpho Alves)

09 - Espere Oh Nega (João Nogueira) - Com João Nogueira

10 - Cheguei (José Orlando)
Não Chore Amor (Jorginho-Erly Muniz)
Favela (Padeirinho-Jorginho)

11 - Sorria (Chocolate)

12 - Ex-Amada (Barbosa-Aluizio)

13 - Juca Seu Talão (Renato Ennes-Genaro)

Rapaziada, estava demorando para a gente postar um disco do CONJUNTO NOSSO SAMBA. E viemos com um baita disco, o primeiro Lp dos Malandros. É também, talvez, a primeira gravação feita pelo Carlinhos. Desconhecemos alguma anterior. Quem souber, por favor entre em contato que publicaremos para os aprendizes!

Era 1969, ano em que o Conjunto Nosso Samba se apresentava às segundas-feiras no teatro Opinião, e ganhava o respeito de todos do mundo do Samba. Nesta época até mais ou menos 1973, o Mestre tinha um estilo muito particular de tocar, principalmente quando gravava sem violão e com a liberdade de harmonizar o samba como quisesse. Aí ele arrebentava mesmo. Preferências a parte, gostamos muito deste estilo, e do timbre mais seco deste cavaquinho que ele usava mais ou menos até 1973. Com este cavaco e este estilo de conduzir o samba ele gravou, dentre outros, o Lps Raiz de 1971, do Mestre Candeia, em faixas antológicas como Silêncio o Tamborim, e a linda "Saudade" que ele vem só no solo. Com o mesmo instrumento e estilo, gravou também os discos "Os Partideiros", "Quem Samba Fica", "Clara Nunes 1971", "Clara, Clarice Clara" de 1972 entre os principais.
O Curioso é que nesta época o grande Malandro priorizava muito o Solo e os famosos arpejos dos acordes. Mas ele solava de maneira percussiva, um "Solo Centrado", se é que consegui me expressar corretamente. Na verdade é difícil definir, o bom mesmo é escutar e executar as malandragens ensinadas pelo Professor. Ele tinha uns macetes, algumas frases criadas, e sobre elas colocava variantes e improvizava no solo. Muitas frases eram de violão de 7 cordas uma oitava acima. O grande triunfo é que voltava centrando com uma facilidade tremenda. Mas aí era fácil, o ritmo pulsava no coração do Malandro.
E os arpejos de acordes?? Tinha uma velocidade violenta. É realmente muito difícil executar na velocidade que ele conseguia. Neste disco ele pouco arpeja (o faz mais nos discos de 71 e 72 da Clara Nunes), mas sola bastante, como exemplo o Samba "Viola e Violão" e outros. Escutem! Talvez por preferência, talvez pela falta de tempo ou principalmente pelas gravadoras, ele aos poucos foi diminuindo esse solo centrado, e após meados da década de 70 fez muito menos. No entanto aprimorou muito (mais ainda!!) a pegada da mão direita, enfim, o Homem era uma caixinha de surpresas, tinha diversos estilos, e o estilo deste Disco foi o que mais foi tocado até mais ou menos 1973. O Cavaquinho temos a certeza de que era o mesmo, pelo timbre.
Outra curiosidade é que ele ainda enchia o acorde de Sol maior, palhetando inteiro, e não somente no grave. Com o tempo ele passou a usar esse tipo de acorde cheio só em uma ou outra passagem (e bem raramente!) só para enfeitar.
Para terminar a postagem e chegar de blá blá blá, vale ressaltar que o disco tem composições do Carlinhos, muito boas, por sinal. São as faixas 5 - "Viola e Violão" que fez com o Nô - e 6 - "O último portador", que fez com o Pintado -. O que mostra a versatilidade do Malandro. Um bamba de verdade! Neste disco tem também a primeira participação do João Nogueira numa gravação, no samba "Espere Oh Nega". Aproveitem o disco. Abraços, meus irmãos aprendizes!
Ah, só uma observação, pode parecer fofoca, mas não me contive rapaziada, o Gordinho não está na foto porque não chegou a tempo no dia que foi o fotógrafo, mas ele participa do disco.

Um comentário:

Anônimo disse...

É isso mesmo Aprendiz,o que vc falou é a mais pura verdade,estive com o Gordinho aqui em Sampa e ele falou com muito bom humor que a sessão de foto foi pela manhã e ele achou que era de tarde.Ele disse que a rapaziada deram uma "volta" nele.