quarta-feira, 8 de outubro de 2008

1978 - XANGÔ DA MANGUEIRA VOL. Nº3



Lado A:
01-Dá no Nego (Roque do Plá)
02-A Cobra Sussurana (Beto sem braço-Almir)
03-Não xinxa o boi (Nilo da Bahia-Xangô da Mangueira)
04-Chico Jongueiro (Mestre Buda)
05-Louvação aos grandes e aos pequenos (Waldemiro do Candomblé-Xangô da Mangueira)
06-Perdi Minha Alegria (Vadinho-Murilo) - Participação Especial/Nilton Campolino

Lado B:
07-Mineiro Ê (Lúcio Martins-Quirino da Cuica)
08-Zé Cansado (Padeirinho)
09-Quem Fala Alto é Gogó (Xangô da Mangueira-Nilton Campolino)
10-Mulher da Melhor Qualidade (Almir-Beto Sem Braço)
11-Não adianta falar mal de mim (Xangô da Mangueira-Waldemiro do Candomblé)
12-Quilombo (Nilton Campolino-Xangô da Mangueira)

Tudo certo malandragem? Hoje vai uma das aulas mais importantes do Mestre, ele faz de tudo neste disco do Xangô da Mangueira. Quando gravava para os grandes não brincava em serviço não. Que sensibilidade meus irmãos! Ele conseguiu dar uma cara diferente para cada um dos Sambas do Lp. Entrou na alma de cada composição e conseguiu tirar o máximo que poderia ser feito (sem muita firula). Criou um mostro para cada um dos Sambas!
Para aqueles que não tem um contato mais próximo com o verdadeiro Samba, o Xangô é uma das sumidades do Samba. Nome obrigatório em qualquer lista dos maiores que já existiram, aprendeu com quem houve de melhor, entre eles Paulo da Portela, que o apresentou à rapaziada da Mangueira, Terreiro de bambas que ingressou por amor e principalmente por capacidade. Tempos em que tinha que mostrar na prática para fazer parte de um terreiro, com direito à teste de disputa de Partido Alto. Falando em Partido, Xangô se destaca principalmente por ser um partideiro daqueles que ninguém derruba, versador no duro e cantador com um timbre único e característico. Enfim, pra quem não conhece, demorou!
Para os irmãos aprendizes vale a pena algumas considerações para cada uma das faixas.
1- Não se assuste, começa mesmo com um cavaco Paraguaçu, que faz o solo no outro canal, mas o Carlinhos já vem martelando e fixando o ritmo logo em seguida. Grande dúvida para discutirmos, nós aprendizes: será o Carlinhos solando na afinação tradicional?? Na faixa 11 isso se repete ao longo do Samba. Está muito parecido com o estilo do Zé Menezes, que depois fez dupla com o Carlinhos nos consagrados discos do grande Bezerra da Silva. Acontece que dizem as boas línguas que o Zé andou dando uns toques de solo pro nosso Mestre Carlinhos. Isso dá pano pra manga! Obs: no minuto 1´10´´ ele faz aquela repicada ao contrário que inventou (aquela consagrada e tradicional dele só que invertida).
2- Ele vem com uma bossa diferente que às vezes usava em alguns sambas um pouco mais rurais. Usou a mesma idéia de condução ritmica, dentre outras na faixa 04 do Disco da Ala dos Compositores do Salgueiro-As Minas do Rei Salomão ("Reza forte" do Zuzuca), e na introdução da faixa 1 do disco Samba 73´ ("Tra-La-La, Lamartine Babo, Um Hino ao Carnaval Brasileiro"). A versatilidade do Homem era genial, nunca existirá! Mesmo com a idéia se repetindo em outras gravações anteriores, na hora de executar podem ser observadas várias diferenças nos detalhes. Como pode uma pessoa ter gravado milhares de Sambas e quase nunca repetir algo?? Tem que tocar com o coração mesmo!
3-Esse Fá Maior pesado... emociona, não é? Só ele.
4-Neste é Carlinhos no solo (muito bem ritmado), fazendo uns macetes bem tradicionais dele - por exemplo o do segundo 20 ao 23 - , e trazendo algumas novidades.
5- Nesta gravação optou por uma harmonização com mais mudanças de acordes no refrão, que ficou muito legal. Não era nada comum ele fazer isso, mas caiu como uma luva neste Samba.
6-Esse Samba ficou do c... Tudo está lindo. É de emocionar, que partido alto. Uma bela interpretação do Xangô, que dá aula de como versar junto com o Campolino, outro partideiro nato. Sobre o Carlinhos dispensa comentários. Escuta só a harmonização desse samba!! É uma das aulas mais sensacionais dele no quesito harmonia.
8- Só uns detalhes que para aqueles que não ficam de escuta minuciosa, acabam passando desapercebidos, mas prestem atenção nos acordes que ele encaixa na sequência de transição para repetir o refrão (dos segundos 21 ao 23). Outra idéia diferente de sequência que era característica dele é a transição dos segundos 31 ao 34.
9-Nesse ele apela um pouco, não fica com dó dos aprendizes. Escutem com muita atenção do segundo 15 ao 18. Era uma sequência de repicadas invertidas que ele usou em diversas gravações (a que dá pra pegar com mais facilidade é a utilizada no samba "Deixa eu te amar" gravado pelo Agepê).
12- De novo o Fá Maior violento, cheio de ginga nesta gravação. Harmonização difícil de traduzir, com mudanças de acordes antecipadas e atrasadas. Coisas do Mestre!

Chega de conversa,

ESCUTE A AULA!!!

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